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Mostrando postagens de agosto, 2014

Ordem

Se existe uma ordem, peço que a dê. Porém, quando estiver de joelhos, arrastando-me em penitência, não me julgue como seu simples servo. Ali estarei, não tendo um outro lugar para me afundar em minhas lamúrias ordenadas. Então, mediante a esse fato, só peço que não me tenha como seu simples servo. Dê a ordem, contudo não a tenha como a última cor da aquarela de sua aura. Não conte a ninguém, não faça com que minha voz suma e meus olhos percam a honra. Dê-me seu prazer e toda a forma vívida que existe. Rogo, clamando por seu toque e pela tal ordem.
Ainda esperas o meu sorrir? E o que farás em seguida? Me devolverás o seu, ou simplesmente a imagem se perderá em seu olhar? Talvez tenha eu me perdido em ti, porém deixo contida a vontade de que se percas quando quiser me enxergar!
E tudo se fez com um olhar. Duas obras se cruzando no aconchego de seus pensamentos. Onde estava a racionalidade? Foi simplesmente a ordem do destino incendiada pelo desejo. Suspiras querendo prolongar o que em ti causa desejo e agitação. Move-te contra a muralha do esquecimento. Estas aprisionada em ti, sonhando e revirando-se em seu próprio desejo. Quem te trará o afago ou a consolação que tanto queres? Êxtase, nada mais!

Pelo seu silêncio

Canto pela sinfonia de seu silêncio. O andar contínuo do tempo dá ritmo e  compasso ao encanto de sua voz,  mesmo que em profundo silêncio. Canto um sorridente cântico,  e a prosa cor de nuvem se esvai  pelo canto da minha boca sedenta  de suas formosas palavras. Assim mesmo, desse jeito, dessa forma, com esse canto, amando a música que sai de ti,  mesmo em silêncio.
Quero que esqueças,  que cresças,  que vejas,  pareças com sua diferença. Pois, de fato, não te reconheço mais. Não sei mais onde andas, o que falas,  como pensas. Será o que realmente enxerga, ou será mais uma  dessas ilusões que te movem? Por onde andas, ainda deixas suas pegadas,  ou elas também foram extintas assim como seus pés? Pois, de fato não te reconheço mais. Tuas cores viraram cinzas, e suas expressões viraram sequidão. Olho-te, porém não mais te vejo. Escute-te,  contudo não te vejo falar. Na verdade, viraste apenas uma história e em algum sonho deve estar pairando. Não te reconheço mais e o que era antes  visto, virou pó, que o vento levou. Não te reconheço mais, e nem quero reconhecer.
E a bela canção cantada hoje, espero que não esqueças amanhã!
Acho que realmente não sei mais quem és! que realmente não sei mais quem és! realmente não sei mais quem és! não sei mais quem és! sei mais quem és? mais quem és? quem és? és?
O que há nesse olhar? Medo ou desejo? E se for medo? Serei eu a bruxa má ou a sombra que remete ao passado? Se for desejo? Será mais forte do que o olhar a observar? O tempo passa... as horas se desmontam como pedras de areia agredidas por um vento impiedoso. Será o vento o próprio respirar que faz com que o tempo voe para seu longínquo canto? Ou será mais simples do que isso? O medo assombra a vida, a vida faz meus versos. Dizeres por uma fagulha de crença. O que há de ser será ou o que era para não mais existir voltou a existir?