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Mostrando postagens de maio, 2016

Ao olhar pela janela

Ao olhar pela janela ainda vejo um céu passos apressados rodas apostando corrida medo, alegria, rosas e margaridas Vejo o pranto e o canto; o beija-flor que voa e a cigarra contando de mil a um Vejo regressão, tombos, amores e partidos que não vão a lugar algum. Vejo a chuva, o sol e imagino o mar Vejo a serra e a árvore A serra e a árvore... A serra e a árvore... A serra... A árvore está no chão Vejo a injustiça e o clamor do rejeitado João o leiteiro,pensando na vida e chorando pelo leite derramado Um tema... sem cor... Ao olhar pela janela... ainda vejo poesia.
Aonde estavas quando meu coração cantava sozinho em busca de seus ouvidos?
Meu refúgio são tuas palavras, e mesmo em profundo silêncio, elas continuam me levando ao ápice da profunda paz.
Dizem que o tempo parou quando a modernidade acabou. Dizem que os três pilares da poesia moderna estão segurando com os dentes os ponteiros do tempo, presos a uma corda. A modernidade deu lugar ao contemporâneo, mas a poesia moderna continua viva, mesmo que seja disfarçada de tecnologia de um E-Book.

Minas deu leite, são paulo café e no meio disso eu amei você

Não ousaria nem por um milésimo de segundo tentar voltar no tempo e evitar todo aquele circo de horrores que se formou bem na minha frente. De repente, daqui a alguns anos tudo isso vai perder o sentido e as cores de todas essas lembranças vão se tornar eufemismos, fazendo-me realmente querer chamar de passado o passado. Outro dia, estava andando no calçadão da praia quando fui atingida por um lapso de interrogações. Por que havia tanto tempo que não sentava para observar toda aquela imensidão cercada de areia? Por que não mais parei para sentir o tempo passar sem me preocupar com o próprio tempo? De todas as verdades que não sei, somente posso afirmar uma: passamos a vida atrás da nossa felicidade e depois vivemos um novo conflito, que gira em torno de nos questionarmos se realmente merecemos toda essa felicidade. Quando era menor, escutava de meus pais sobre responsabilidade. Um dia procurei no dicionário que ficava em cima da estante da sala e vi o significado. Nossa, devo dizer que
           Gostaria de saber em que momento permiti que aquelas cenas entrassem em meus sonhos, e em que momento a chance de ter qualquer tipo de sonho passou a existir, pois antes de lançar meu corpo exausto na cama, tinha dado umas 500 bocejadas.          Estava frio. Meus pés se embolaram no cobertor e desejaram que tivesse um buraco no colchão para que eles se escondessem.          Às vezes, penso que dormir envolve alguns muitos milhares e detalhados processos: deitar, respirar, deixando o corpo relaxar e fechar os olhos? Deitar, fechar os olhos e o resto é mágica? Bom, diria que não é tão simples assim, porque na verdade, tudo depende do dia.          Deitei, fechei os olhos e fui tomado por muitos pensamentos, como se estivesse numa contenda sem limites para resolvê-los. Os pensamentos podem ser grãos de areia ou simplesmente a peça de um quebra-cabeça, que sendo encontrada define o jogo.           Ali, com frio e sentindo a luta de meus pés, pensava, rolava na cama, bo
Deixo que as palavras sejam despejadas pelo meu querer em querer falá-las!
Sou... a imagem no espelho a decadência viva na sua ausência a sede e a forma estranha de sentir fome e não querer comer o vento trôpego e o cinza; mistério da ciência a morte em vida; o caos da lembrança o chato de ser grande e o gosto bom da infância Se soubesse que seria tudo isso, talvez nunca tivesse desejado ser. Mas sou, e isso é de fato SER.

A falta nos meus dias

O que trago na mente, mas que não mente e de longe está de ser mentira. O fato que nasce ao amanhecer e torna-se imortal ao anoitecer, pois o fim das horas não impede de sentir o que antes o amor proibira. De olhos fechados, punhos cerrados e com o coração gotejando o sangue mais quente a correr sempre nas veias. O que falta dizer e querer? Amor? A dor que provoca? O sorriso manso ou o calafrio embriagador do dorso? Palavras correm, uivam e falam; a falta cresce e desce, rolando as escadas do querer. Quero com amor profundo e infinito. Incontável como as estrelas e invisível, porém real como o sal do mar. Aterrorizar o mais escuro pensar e o mais claro enxergar. Mas, a alma clama e de joelhos fica na mesma oração. O que falta nos dias, quase mata os próprios dias. O que falta nos dias, entorpece a garganta. Seca e arranha; provoca o céu da boca. Meu céu próprio, mas sem estrelas. A falta... consome... impregna. A falta... que sinto... que sinto...

Conversa com o coração

          Eu diria que tivemos uma bela e tensa prosa. Um daqueles despejos silábicos somente interrompidos quando a boca seca e os lábios racham.          Seguíamos caminhando e o silêncio ainda fazia um certo tom de pesar... um óbito oral. As palavras ainda deveriam estar escondidas e com medo de serem ouvidas. Sentia minha garganta sacolejar como abóboras em uma carroça sem suspensão. - Vamos sentar ali perto daquela fonte? - ofereci eu, sem a menor ideia do que estava fazendo.          A renúncia ou talvez uma dúvida foi percebida quando parou. Ele parou e ficou estático, respirando lentamente. Alguns passos passaram por nós: o pipoqueiro, o artista de rua e um cachorro. - Perto da fonte? - questionou ele depois de alguns segundos naquela posição. - Sim. Gosto da aparência dela e... - Fontes jorram água... - Sim, mas esta está desligada. - Você deveria suspeitar mais de coisas que têm funções predefinidas, pois se a função dela é jorrar água, isso pode acontecer em alg
        O único fato que lembro e que realmente importa foi o obrigado dado ao simpático senhor que atravessava a rua com todas aquelas sacolas aparentemente pesadas. As veias estavam quase pulando dos braços, e além disso, os passos eram lentos como a lentidão de ações em dias frios de inverno.        Caminhando atrás, pude perceber o triste pesar de ser idoso não sentido por ele em um outro senhor que passava ao lado. Alguns interiorizam as tristezas e até as dificuldades. Acredito que devam ter medo da vida perceber e tornar tudo mais difícil e impossível de ser levado nos ombros.        Os ombros sustentam muito mais do que um crânio, pois na verdade, os ombros são alvos de pesos insustentáveis, mas mesmo assim, nunca quebram. São como os bambus, que ao serem atingidos por grandes rajadas de vento se dobram. Por outro lado, as tão majestosas árvores se recusam a qualquer submissão e acabam sendo quebradas, partidas como uma fina casca de ovo.        O senhor com as sacolas conclui
Mediante às poucas certezas, as muitas dúvidas são impiedosas. Contrastam com a pouca esperança, pois sou humano, porém ainda consigo esperar. Quero ser as cordas, para que retires os acordes mais loucos e brandos. As teclas, para serem o descanso de seus dedos. A música do luar precisa existir, então serei o amanhecer pós-noite e a canção da aurora. - Que venha o silêncio, porque o farei dançar. - Que venha a bravia tempestade, pois a farei sorrir. - Que venha o que vier, apenas esteja comigo!
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