Gostaria de saber em que momento permiti que aquelas cenas
entrassem em meus sonhos, e em que momento a chance de ter qualquer tipo de
sonho passou a existir, pois antes de lançar meu corpo exausto na cama, tinha
dado umas 500 bocejadas.
Estava frio.
Meus pés se embolaram no cobertor e desejaram que tivesse um buraco no colchão
para que eles se escondessem.
Às vezes,
penso que dormir envolve alguns muitos milhares e detalhados processos: deitar,
respirar, deixando o corpo relaxar e fechar os olhos? Deitar, fechar os olhos e
o resto é mágica? Bom, diria que não é tão simples assim, porque na verdade,
tudo depende do dia.
Deitei,
fechei os olhos e fui tomado por muitos pensamentos, como se estivesse numa
contenda sem limites para resolvê-los. Os pensamentos podem ser grãos de areia
ou simplesmente a peça de um quebra-cabeça, que sendo encontrada define o jogo.
Ali, com
frio e sentindo a luta de meus pés, pensava, rolava na cama, bocejava mais
algumas vezes e depois me surpreenderia de forma gigantesca, pois as cenas
mencionadas apareceriam tão reais como o sono antes sentido.
Complexo é
sentir os reflexos das cenas (tudo bem, já posso dizer que as cenas foram
sonhos ou pesadelos) como se fossem de fato reais. Sentir o estômago se
contraindo, os olhos ardendo, a garganta tremer e depois ter o rosto pisado por
lágrimas tão quentes como o sangue tirado do sério.
O tempo
passava, as cenas continuavam e a vontade de voltar no tempo só para não dormir
era imensamente dominadora. Eu só queria entender o porquê de ser invadido por
aquelas cenas tão rasas e tão profundas ao mesmo tempo.
Sentia um
lapso de desespero, mas não conseguia despertar. Era como andar com uma
corrente amarrada na cintura e tentar gritar com um tampão na garganta. Acho
que devo ter fraturado minha traqueia umas dez vezes, e na décima primeira, quando
tudo parecia perdido, fraturado mais uma vez.
A sequência
de cenas me entorpecia. A cada segundo, o caos parecia eterno. Procurei sentar
e assistir, mas eu estava como o protagonista, expondo-me e sentindo todas as
flechadas atiradas contra meu peito. Eu as tirava, porém continuavam me
atingindo. O sangue jorrava e quando acordei estava em prantos.
O choro vindo de um sonho é pesado. É como
beber água do mar: a garganta implora por não sentir todo aquele sal. O choro
vindo de um sonho é como...
Me sinto um
covarde, pois fui refém e agora estou com medo de dormir novamente. Vai dizer
que isso é o meu fim? Ok, então, depois escrevo em mais linhas sobre como é do
outro lado.
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