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Eu quis escrever uma poesia

Eu quis escrever uma poesia. Uma poesia que fosse lida do norte ao sul, por vivos e mortos.Esta seria diferente , com versos infinitos e rebuscados.Não sei bem ao certo , se falaria de dor ou de morte ; de sair ou de ficar ; de azar ou sorte. Só sei que a quero e que ela me dê a mesma felicidade que encontro em quem me inspira para escrevê-la. A minha poesia deveria vir do mar   , salgada pelos desejos dos pescadores ansiosos   pelo melhor cardume.Que derramasse lágrimas e se misturasse aos raios do sol , confundindo-se com os reflexos do céu de Abril. Seria leve e levada pelo vento do fim de uma tarde nunca antes vista , unindo o negro e o branco ; a paz e a guerra ; o choro e o riso. De ante mão , não partiria de mim , mas de todo o meu ser. Seu som seria mais forte que um estampido de um tiro , vido do mundo dos renegados e mais claro que a exclamação penetrante de um trovão anunciador de uma tempestade.Levantaria todos de seu ´´descanse em paz ` , e tornaria vivos em imort...

O passeio

Fui passear por aí comigo mesmo.Lá , assisti um pôr do sol de Abril em um daqueles dias límpidos de outono.O rosa alaranjado no fim da tarde iluminada pelas luzes da cidade e pelos raios de uma tempestade para os lados de Marte formava uma paisagem majestosa , uma linda visão diria eu.Estava excêntrico e minha alma transpirava calma e extrema lucidez. O cenário poderia até ser pintado por um artista com inspiração divina , que retrataria com precisão todos aqueles detalhes. Ao longe proseando com moças e rapazes , que estavam interessados nas respectivas moças estava Vinicius , não o Moraes , mas sim o modesto , que vendia côco para ganhar a vida.Observei-o por instantes , mas depois minha atenção foi direcionada para outro lugar:O nada.Longe o bastante para quase me perder.E veja , me perdi em meus atos anteriores e a lamentação de ter me negado a realizar outros   , me transpassou   , submergindo em profunda e negra angústia.Continuei andando lentamente   , e deixei peg...

O último verso da colina

Sob o vale repleto de sombras ,o hospedeiro o segurava como podia e prendia-lhe com os dedos , que pareciam correntes da bastilha francesa.O vento assobiava na colina , amedrontando todos que ouviam e tirando deles suspiros de pavor.Em poucos minutos todas as portas e janelas estavam fechadas   , como sinal de prevenção.Inútil ato , pois nada poderia conter aquele sopro   , que vinha de boca aberta   ,mostrando os seus dentes e cuspindo peçonha mortal e dilaceradora de desejos.As preces eram ouvidas mesmo assim , e colidiam umas com as outras , não passando do teto das casas.O vento era um forasteiro , endiabrado, com os olhos revigorados e causador de revoltas.Ele , já havia rasgado a constituição ,   eliminado trovas e relíquias do amor   , as quais atravessaram séculos e escaparam de outros ventos indomáveis. O hospedeiro lá estava   , abaixado de frente para o vale   , contorcendo e acalentando seu eu-poético   , para que não ficasse traumatiz...

Sob linhas

Oh, formosas linhas que me abrigam sem cobranças. Dou-lhes em troca , a métrica perfeita   o tom de amor mais amável. Puro....como o som da voz de   Deus , que escreve certo sobre ti , um poema para mim. Te mancho com minhas lágrimas , ao escutar minha voz. Eu canto para mim mesmo ,para marcar supremamente o inóspito e sincero papear de meu dom.

Ontem fui preso

Ontem .....fui preso no imediato do meu querer, e quando minha inocência estava virando crime oculto.Estou detido em uma prisão sem grades, apenas cercada por um resplendor de água   e sem limites. Neste cárcere , não sofro pelo amanhã , mas , me constranjo com minha própria sensibilidade interior.As paredes são sem pedras   , delicadas e exibem seu sorriso , quando as encaro de forma direta.É apenas escuro quando fecho meus olhos para tentar sonhar e eternizar tudo isso.Fui capturado com uma simples ação e tive o direito de permanecer calado e guardar minhas tiradas para uma futura declaração. Irei declarar para todos   , que meu caso é culposo , pois não tive a intenção de amar.Meus passos seguiram aquelas pegadas e quando menos esperei , já estava em situação de flagrante . Um olhar sereno , profundo e consumidor , que me deixou sem ação e travado sob meus próprios   desejos . Preso por inteiro , acusado de ser atraído e envolvido pelo brilho mais forte e intenso ...

Choro e chuva

A chuva cai na calada da noite. O silêncio...nasceu no pôr do sol e virou herança. O choro dói , amargura,transborda o peito...palpita o coração. Choro de gente , de homem e de criança. Cada lágrima que cai ,   cada pingo de chuva...molha , arde , respinga e se transforma em colapso. Sente a dor , sente o frio ,   o aperto imediato nas entranhas , face a face com o próprio medo e pavor de existir. Vem do olhar tal reação, escorre das nuvens da criação. Cria o sentimento de derrota ,molha o tapete de quem abre a porta. Não pare de chover...pare de chorar.... O pranto mata ....a chuva lava..... O choro marca...a chuva passa!
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Sérgio Ribeiro Borsoi Jr   Niterói / RJ Parados frente ao mar Nunca poderei Explicar .... Já passava das seis, Bem depois do toque do entardecer. Agora, o manso mormaço era trocado por um Incômodo vento gelado. É difícil explicar... A incrível sensação das nossas almas se entrelaçando para nos aquecer. A rouca voz da paixão sussurrando em meus ouvidos me deixando perto de enlouquecer. Parados frente ao mar, apenas sentados em nossos exageros buscando novas formas daquele momento se eternizar. Nunca poderei explicar... Meu olhar fito, te dizendo A cada movimento das ondas Por que resolvi minha alma a ti Confiar.