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28/08/2013

"O preconceito é uma fruta podre e defunta, que muitos insistem em comer e alegar razões para isso!"
O maior medo é se esquecer de como é sentir medo!

Amor de trás para frente

- É melhor pararmos por aqui. - Eu te amo como a minha vida. - Sonhei com você. - Ei, não se preocupe, porque eu pago a conta. - Quero te dizer o bem que me fazes. - Não há mais o que esperar: -Quer namorar comigo? - O sentimento está intenso, e a saudade já é uma ferida sem cura. - Nossa, você está linda. - Oi, tudo bem? - Qual o seu nome? (COMEÇO)

Fome x Charme

A fome faz um homem usar todo o ímpeto permitido para saciá-la. O charme de uma mulher faz o homem atravessar uma avenida mortífera, com o sinal aberto, apenas para ser apreciado.
Dona de si. Dona do próprio olhar. Dona do meu olhar. Minha dona.
      O telefone tocou na calada da noite, sacudindo a mesa. Meus olhos se abriram e saltariam para fora se não os tivesses segurado. Tudo bem, foi um susto, mas quem poderia ser?       Lutei contra meu corpo e escutei o terceiro toque. As luzes do relógio estavam confusas, porém tinha certeza de que tarde era. Me pus de pé, peguei o telefone e ainda embriagado pelo sono, esperei alguém falar.       - Cuidando bem da invenção? Da minha invenção?       Mantive o silêncio, mas perdi a calma. ''Invenção!'' A palavra ecoava dentro da minha mente. Não tive resposta para o enigma.       - In-ven...       - Não gagueje, homem, pois a minha invenção não merece aprisionar suas dúvidas e incertezas.        Foi o limite! Sou dependente do sono, mas não um covarde.       - Quem está falando, e que diabos de invenção é essa? - Perguntei.       - Meu caro...
      Um grito seco. Foi o bastante para sentir pena do ser de penas coloridas. Um ser, um papagaio. Ali, caído com o peito estufado e o bico truncado na parede branca desgastada pelo tempo.       Os minutos passaram, porém ele não acordou. Sintomas iniciais de alcoolismo descartados, e a certeza logo chegou. A idade deve ter pesado, se tratava de uma morte.       Hora do óbito:16:20. Hora do chá. Algo quente para tentar acabar com o vapor da tristeza.       Um vento soprava de trás para frente. As penas balançavam, indo e vindo como um balanço desgovernado. Uma tarde memorável, diria mais. Foi muito tarde para despedidas ou cerimônias.       Os amigos estavam voando por aí, cantando em muros e fugindo das atiradeiras.       A vizinhança não mais escutava o canto brando do papagaio tênue. A harmonia foi rompida. Lá se foi sem dizer adeus.               ...