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Para tu, que não  cansas de crer que a poesia está morta, juntamente com os poetas mortos. Se de ti não fluírem rios de paixão ao ler meus versos,  afirmo-te que morta está você!
       Eu juro que estou pronto. Com medo, porém pronto. Esse impulso que começa no meu peito, corre pelo meu corpo e termina escorrendo pelos meus lábios em forma de uma bela canção para os seus ouvidos, precisa crescer cada vez mais e se multiplicar aos seus impulsos. Já passei por muitas portas, deixei muitas janelas abertas e sem uma razão boa o bastante para isso. Foi uma fuga! Hoje fica óbvio de se ver. Uma fuga de minhas próprias fraquezas, incertezas e inseguranças. De tanto querer ser o que muitos esperavam de mim, acabei por esquecer a parte mais importante nisso tudo: eu mesmo. Fugas e mais fugas, até me tornar um procurado e fugitivo das exigências de uma vida muitas vezes baseadas em símbolos. No meio desse trajeto de perdas e ganhos estava você, fiscalizando os corações que sem rumo existiam por existir. Posso parecer intenso com minhas palavras e não tão sólido quanto meus pensamentos, porém estou farto de idealizações, e tu és minha maior razão...

Ordem

Se existe uma ordem, peço que a dê. Porém, quando estiver de joelhos, arrastando-me em penitência, não me julgue como seu simples servo. Ali estarei, não tendo um outro lugar para me afundar em minhas lamúrias ordenadas. Então, mediante a esse fato, só peço que não me tenha como seu simples servo. Dê a ordem, contudo não a tenha como a última cor da aquarela de sua aura. Não conte a ninguém, não faça com que minha voz suma e meus olhos percam a honra. Dê-me seu prazer e toda a forma vívida que existe. Rogo, clamando por seu toque e pela tal ordem.
Ainda esperas o meu sorrir? E o que farás em seguida? Me devolverás o seu, ou simplesmente a imagem se perderá em seu olhar? Talvez tenha eu me perdido em ti, porém deixo contida a vontade de que se percas quando quiser me enxergar!
E tudo se fez com um olhar. Duas obras se cruzando no aconchego de seus pensamentos. Onde estava a racionalidade? Foi simplesmente a ordem do destino incendiada pelo desejo. Suspiras querendo prolongar o que em ti causa desejo e agitação. Move-te contra a muralha do esquecimento. Estas aprisionada em ti, sonhando e revirando-se em seu próprio desejo. Quem te trará o afago ou a consolação que tanto queres? Êxtase, nada mais!

Pelo seu silêncio

Canto pela sinfonia de seu silêncio. O andar contínuo do tempo dá ritmo e  compasso ao encanto de sua voz,  mesmo que em profundo silêncio. Canto um sorridente cântico,  e a prosa cor de nuvem se esvai  pelo canto da minha boca sedenta  de suas formosas palavras. Assim mesmo, desse jeito, dessa forma, com esse canto, amando a música que sai de ti,  mesmo em silêncio.
Quero que esqueças,  que cresças,  que vejas,  pareças com sua diferença. Pois, de fato, não te reconheço mais. Não sei mais onde andas, o que falas,  como pensas. Será o que realmente enxerga, ou será mais uma  dessas ilusões que te movem? Por onde andas, ainda deixas suas pegadas,  ou elas também foram extintas assim como seus pés? Pois, de fato não te reconheço mais. Tuas cores viraram cinzas, e suas expressões viraram sequidão. Olho-te, porém não mais te vejo. Escute-te,  contudo não te vejo falar. Na verdade, viraste apenas uma história e em algum sonho deve estar pairando. Não te reconheço mais e o que era antes  visto, virou pó, que o vento levou. Não te reconheço mais, e nem quero reconhecer.