Postagens

Por que?

      Vieste a mim quando em nada pensava. Quando tudo era mera mesmice. A ilusões gorjeavam felizes e eu apenas tentava respirar. Quando meus lábios estavam sedentos e meus ouvidos famintos. Teu beijo e tuas palavras: desejo incondicional. Saciaste-me, alegraste-me e me enlouqueces-te. A sanidade saiu pela porta, junto contigo, e o adeus corrosivo atingiu-me como uma pedrada na cabeça.       Agora, eu sento, paro e pergunto:- Por que?

Te dei

De todo o coração te dei: O verso que canta, roda, planta e colhe o fruto que quer. Que acena e que chora, que abraça e espanca; cai e levanta e dorme no pó. Que do bem para o mau, que do céu para o mar vai além das paradas e de tão pouca fé. Que querendo as manhãs, deixa o sonho de fora, dá ao amigo estrangeiro uma bela mulher. De todo o coração  te dei.
      A sensação é simples. Os olhos abrem, o frio incomoda, mas o sol gélido já raiou. Despertas tu e eu, pois a sombra do desconhecido já se conheceu. Sob a pressa: ela é a mesma. Em qualquer canto é uma centopeia com mais pernas. O olhar arrepiado, corriqueiro e pontual. É hora de andar e correr se assim for preciso. A madrugada triste trouxe lágrimas, porém lágrimas salgaram também o sorriso que alcançou a solidão. E se tarde já estiver, e as horas não fizerem uma parada, o jeito é trocar o enfado pelo Fado, cantar e esperar.

Outono

''As folhas caem do céu para o chão. As folhas do outono, da nova estação, a que chega sorrindo e abre seu coração.''
Como é grande o mar que limpa tua alma e faz lúcido o verbo doar. Em primeira conjugação, trazendo de volta o majestoso lembrar, pois lembrar é preciso e doar não é trocar. Como é sublime o céu, com nuvens de papel. Que o vento traz a paz e faz a corsa correr. O impetuoso se vai e o calor de seus sonhos faz o dia nascer.  O outono chegou e as folhas que caem, fazem a solidão morrer. Como é sorridente o sorrir. Faz as flores cantarem e o medo partir. O falso ardor acabar, e as chamas da paixão só queimarem a ti. O pardal cantante, que vibra o instante, brinda o eterno, aos amantes daqui.

Rainha formosa

''Saudade daquele cheiro de mar, do fim da tarde, do sol escaldante, do calor ameno, do tempo passando, da areia fofa, do céu estrelado, do vento ventado do sorriso malandro, do barco boiando, dos peixes nadando, do verso pra rosa, do poeta e a prosa, do castelo de areia e de sua rainha formosa.''

CHORO ESTRIDENTE E CAFÉ SEM AÇÚCAR

      Doze horas de voo intermináveis. Pouco espaço para pernas tão compridas. No balançar de algumas turbulências sobrevivi. Meu tédio. Minhas horas vazias, que passaram sendo sentidas por mim. Os segundos contados, em um horário diferente. Fiz minha revolução audiovisual: quatro filmes de longa duração, mas o tempo de viagem parecia nem se mexer.       O avião atravessou a noite. Impressão de frio...muito frio lá fora, sensação de calor la dentro. Calor humano, na certa. Um almoço estranho. Comida estranha, com bebida estranha e aeromoça estranha. Meus olhares estavam começando a ficar blindados, para tentar esquecer tudo aquilo. Não quis me irritar, mas jurei que se tivesse um paraquedas, certamente me jogaria do Lufthansa. Pernas dormentes, lombar em pedaços, então, com certeza, precisaria de uma cadeira de rodas para chegar até a porta e me jogar, rumo à terra firme. Em meio a tudo isso, Coffe... tea?       - Quero um café, ...