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Ainda espero o amanhã

Foi demais e ainda é. A espera pelo mesmo pôr-do-sol chegará? Lembrar do andar proseando com a melodia  de seus lábios. Contar quantas estrelas estão a brilhar  na furtiva lembrança que me consome. Será errôneo desejar o mesmo sopro  que se foi, deixando apenas a doce malícia em meus lábios? Será momentâneo? Minhas palavras remetem a velha ilusão dos que como eu, sonham e apenas sonham. A areia ainda é branca e nela ainda permaneço sentado, tocando a velha melodia com os olhos... meus olhares. No momento certo a escuridão de minha solidão amanhecerá, porém enquanto esse dia não chega, continuo esperando o amanhã.
Se eu pudesse esquecer... jamais esqueceria. Aquele olhar, o tom suave de sua voz e o canto manso de seu sorrir. O abismo da solidão que quase me sucumbiu,  porém com a majestosa presença suas mãos me resgataram. Não mais caia, mas sim voava diretamente para sua presença. Se eu pudesse esquecer... jamais esqueceria. O tom de sua pele, o calor de seu toque e a cor de sua alma, que pintou a mim com seu nome e sua razão.
Te espero... no mesmo lugar no mesmo tempo com o mesmo olhar Te espero... por dias semanas, que vão virar anos Te espero... com medo da espera me matar,  porém te espero Se um dia voltar,  que seja como for e não da forma como espero
Pra onde vais?  Por que somes?  Como a brisa da tarde que refresca e se vai. Tão feroz...  por que cala-te?  Por que não te ouço mais?  Por que só te vejo em meus sonhos e te tenho em minhas lembranças, na noite que chega, na noite que sai? Tão feliz...  Por que não vejo o teu sorriso?  Por que não ouço quando cantas?  Por que não vejo quando olhas? Tão sublime, mas não sinto-te.  Quero-te, torço para ter-te.  Mas onde andas... amor, onde andas? Se levaram teu brilho, darei o meu.  Se roubaram sua cor o céu te dará.  Se tomaram sua voz, gesticule. Por onde andas, amor?  O que fazes?  O que te ocupa? Te ocupas querendo esquecer,  querendo ter uma nova vida? Será que não queres mais ser o amor? Por onde andas... o que fazes?
Pouco tempo para que meu peito te encontre, se abra, tenha, se encante, te encante, se mova, se deite,  se canse, se mostre e seja o que simplesmente deseja: te ter como dona do meu peito.
Renasço hoje, porém não no tempo atual. Renasço no tempo da infância. Ser amigo do tempo, pular cantar, correr e sorrir. Ser o rei de um mundo, o mocinho da donzela ou um barco a vagar mesmo quando a chuva impede se sair. Renasço na infância, no simples e único prazer de ser. Renasço na infância, onde posso pular, correr e sorrir, pois o difícil de ser grande é crescer, e o lado bom disso tudo, ainda não descobri.

Puro e sem gelo

Talvez, essa seja a última dose que me libertará. O último amargo quente, angustiado e sem controle que descerá direto para as entranhas quase sem vida chamada de alma. Um traste pileque. Um triste soluçar e rolar de lágrimas furtivamente guardadas para um dia tentar entender. Talvez, essa noite dure mais do que a dose. Talvez, ela nunca termine. Talvez, ela se torne o mais profundo que um dia pensei em chegar. Medo! Recebo como cortesia em uma bandeja polida e com os dedos do garçom sem face prontos para me açoitarem, virados para mim. Na entrada deixei minha pele para me sentir a vontade e não me aperrear com o possível calor promovido pelas falas intoxicantes dos copos vazios. Um desejo quase irracional arrepia minha espinha e torce com agressividade meus pulsos. A correntes que trago sem querer estão espalhadas no caminho, e minha sombra estabanada tropeça nelas, causando-me vergonha. - MALDITA! Por que você é assim? A dose vai rasgar minha garganta, tenho ce...