Destaque no jornal BR LETRAS publicado pelo cbje

Sérgio Ribeiro Borsoi Jr
Niterói / RJ

O contador de histórias


Diariamente, ao despertar da grande rua, lá estava ele, sentado, limpando o velho chapéu ou penteando o fino bigode.
Antes mesmo do sol se firmar por completo ele já estava cercado por pombos que se alimentavam das migalhas que ele lançava ao chão e pelas crianças que eram saciadas por suas palavras.
Os pais que não o conheciam, ficavam intrigados e querendo saber qual era o segredo para fazer as crianças esquecerem por alguns momentos as tão famosas brincadeiras e ficarem presas a sua voz.
Chamava atenção de longe por seus traços rudes e antigas roupas. Mantinha sempre a personalidade mansa, sempre quieto e dando a impressão de estar todo tempo pensando.
Com certeza não era isto que atraía as crianças e sim o que ele tinha diariamente de diferente para contar, algo entre a magnitude da magia de suas histórias ou a forma de as passar.
Passavam horas, esqueciam da vida e pareciam com ela não se importar. Ao final de cada fala ele agradecia aos céus como se um propósito tivesse cumprido.
No final de cada tarde quando o fraco sol anunciava que a noite logo chegaria, ele se levantava, e num movimento sutil e delicado se despedia prometendo na aurora voltar para fazer de novo as novas mentes sonharem.



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