Pseudos

Usar um falso nome poético não é uma mentira.é uma dádiva e talvez seja uma indefinição pessoal.Mas , uma certa licença poética dá ao escritor , seja ele amador ou vivente , a liberdade e a chance ser quem bem entender e mudar de identidade , de segunda a segunda , sem moderação.
O poeta se torna um anjo no amanhecer e uma fera no anoitecer.Esse fluxo intenso de mudanças e tranformações não é pecado nem muito menos indigno.A melodia que paira dentro do poeta é única e contagia quem dá ouvidos para ela .Mas , ela não tem nome , começo ou fim , e o maestro é quem a carrega. Pode ser o João , o Maurício ou o Joaquim.Conhecê-los seria quase impossível , já que são a mesma pessoa.Imigrantes foragidos , que se escondem em peneiras para tentarem se proteger de olhos famintos e falas cortantes.Se fosse apenas  João , ou o Maurício , sofreria o risco de desaparecer,  assim como os dinossauros.
O poeta corre o tempo todo de grandes meteoros vindas dos questionadores hipocritas da arte divina.Portanto ,ser um falso eu-poético , não denota mentira ou falsidade.É uma camuflagem permitida a quem tem confliotos a serem enfrentados e risco de suas almas serem feridas.
Uma vez , Vinicius de Moraes me disse em uma tarde de verão , cujo céu alcançava grande esplendor alaranjado que, para ser poeta , bastava poetar e pintar versos em muitos corações , independente da identidade do poeta.Entretanto , isto sim é uma mentira , pois nem conhecê-lo eu conheci.

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