O que é escrever?
Outro dia uma palavra me abordou enquanto eu saía de casa, e
perguntou com a expressão séria, o que eu pensava dela. Nossa, por um instante me senti jogado contra
a parede. Pedir para conversarmos mais tarde, porque estava atrasado não
adiantou. Aproximou-se de mim, e novamente perguntou com um tom melancólico: - O
que eu sou para você? Então, sem ignorar a chance apresentada comecei a falar.
- Bom escrever,
escrever é a sublime arte de expressão do indivíduo. Pensar como humano e
lançar no papel o que escorre pelos poros da caneta. Bem, senhora metáfora,
bem-vinda ao meu pronunciamento, pois escrever é construir. Pôr o sol na noite
e a lua no dia. Colorir o vento de uma tarde de outono e transformar as nuvens,
fazendo com que passem de meros reservatórios de água, para grandes e
suculentos favos de mel. Escrever por escrever é plausível, contudo é
simplesmente escrever. Viver para escrever é vital. É saciar a fome abrupta e
não a vontade de comer. Acabar com a sede e não só molhar os lábios. Libertar
demônios, aquecer-se do frio e refrescar-se no intenso calor. Guiar-se pelo
desconhecido, tendo a complexidade como obra-prima da introdução,
desenvolvimento e conclusão. Cada parágrafo é um suspiro, e cada página
terminada um alento para o coração explodir de alegria. No fim, é sempre uma experiência
adquirida, conquistada. As ideias e sentimentos que voaram, pousando no papel
dão ritmo ao chamado texto. Ele é ima ilha de desejos, e ao ser lido eterniza seu
contexto na atmosfera. Uma perfeita relação interligada, pois eu escrevo para
tu, tu escreves para ele, ele escreve para nos, nos escrevemos para vos, vós
para eles e eles para o mundo.
Eu tinha chegado
ao fim da minha explicação, e quando fui começar um novo diálogo com a palavra,
sua imagem foi ficando fraca... desbotada. O despertador tocou logo em seguida,
me fazendo pular da cama. Sério? Tudo aquilo tinha sido um sonho? Porém, não há
mal em sonhar, porque na verdade, escrever também é sonhar.
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